quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

o urro primal da mulher-maluca

num momento de intensa turbulência hormonal, a mocinha devorou três quindins, seis pacotes de doritos com gorgonzola, um aipo, meia jaca e uma dúzia de corações de galinha. em seguida, com o olhar insaciável de um animalzinho selvagem, ela atacou alguns transeuntes que tiveram a infelicidade de cruzar o seu caminho, despenteando-lhes os cabelos, quebrando e arremessando longe seus pertences e rasgando-lhes as vestimentas com os escassos dentes que restavam em sua gengiva semi-careca.

neste terrível estado de possessão, parou e lançou o olhar insano ao redor. com os cinco sentidos acentuados pela loucura, começou a captar moscas com palitos japoneses. a cada uma arrancava-lhe as asas e deixava-as andando como tolas dentro de um pequeno cercado que construíra com gravetos.

não tolerando mais a mesmice, dançou ao som de músicas tribais asiáticas pelo submundo, espumando como um cão raivoso, até que seu corpo fosse nocauteado pela exaustão suprema. não conseguia parar. mesmo caída ao relento, seus olhos reviravam e seus membros se debatiam em espasmos contra o solo.

finalmente foi capturada pela guarda florestal, sendo depositada numa jaula sob efeito de sedativos pesados, em companhia da capivara que costumava rondar as vizinhanças da lagoa rodrigo de freitas a procura de brigas, drogas e sexo ilegal e de uma lontra mau-caráter que praticava furtos de pequena monta em sinais de trânsito por bairros da zona oeste. e eis o fim da mulher-maluca.


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