sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

divagações sobre a dignidade (3)

agora, com a já prevista morte de seu alter ego sem honra, juliana gontijo volta à normalidade. costumava pensar que não havia nada mais simplório que a normalidade, mas o fato é que épocas excepcionais devem ter fim. não há corpo que tolere a insanidade por muito tempo e não há sistema nervoso que sustente um número de sinapses muito ínfimo ou muito intenso por tempo prolongado.

pensar que não possuía dignidade a fez parecer uma moça menos singela e tola, mas cansou-se de negar sua tolice intrínseca. juliana é verdadeiramente uma tola de deus. às vezes tem apreço por visitar as trevas pelo prazer ingênuo da caminhada aleatória e por precisar aprender que a vida sem limites em algum momento se torna cruel e cínica.

e pelas estradas tortuosas da perdição, juliana encontrou o caminho de luz. um raio de sol penetrou-lhe a branca camada dérmica e fez-se a paz. os tolos hão de ser recompensados por sua ignorância e ela era tola como todos aqueles à sua volta. todos filhos de deus, todos buscando um minuto de sabedoria, todos lutando contra o poder do anel do mal.

agora juliana vaga pelas montanhas, respirando o ar salubre e imaculado dos paradisíacos recônditos do planeta terra. e com seus sapatinhos vermelho-cintilantes e sua varinha de condão, suspira com a voz aliviada: "there is no place like home".