quarta-feira, 25 de junho de 2008

o regresso do mamilo pródigo

acordara e saíra de seu sarcófago mofado como se trezentos anos não houvesse passado; era um mamilo ex-defunto, que ignorava o milagre da ressurreição. morrera e não notara. agora renascia das cinzas sem perceber que atravessara os mistérios mais inomináveis. continha em si todas as respostas aos enigmas milenares da raça humana (e quiça da raça mamilar), mas seguia desconhecendo a grandiosidade do que habitava sua pacata mama por debaixo de sua simploriedade.

em seu retiro espiritual, o mamilo não encontrou a paz, apenas a escuridão e a interrupção de sua vida excêntrica. passara dessa para uma melhor após consumir especiarias indianas deveras condimentadas e lactar por três dias seguidos uma espécie de leite de côco apimentado ao curry.

como todos aqueles que têm sua existência findada, o mamilinho não pôde compreender a magnitude do que lhe ocorria. apenas desfaleceu como quem entra em sono profundo. centenas de anos depois acordou em sua diminuta tumba oriental e pôs-se a caminhar como se a morte não lhe tivesse afagado o bico.

assim, percorrendo cultos secretos sem a menor consciência, o terceiro mamilo retorna ao convívio social, espalhando sua peculiar tolice para os quatro cantos do mundo.

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