quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

o amor nos tempos de cólica

uma mulher cor de bronze adentra uma pocilga mal freqüentada em notório bairro da zona sul carioca. é proprietária dos seios mais naturalmente fartos e protuberantes desde a idade média. começa a dançar sob a influência de uma canção juvenil e tensa, enquanto suas tetas descomunais balançam ao léu. os olhares estão fixados nela, que entre um remelexo e outro leva as mãos às costas, com uma suave expressão de dor, demonstrando que seu fardo é realmente díficil de sustentar. seu dote é de fato espantoso, até os mais descolados miram estupefatos.

numa das mesas, um rapaz de humor indelicado afina seu tom de voz para fazer graça na mesa: “ai, que chão gelado!” ou “o que foi esse vento em meus mamilos? passou um avião?” e ainda “ai, esses japoneses são uns safadinhos...”. todos riem, menos um moço moreno, mirrado, baixinho e portador de um boné com uma logomarca de alguma empresa infame de pequena monta. estava embevecido com a fartura de carne naquele corpo; eis que o pequeno apaixonara-se irremediavelmente.

uma mulher exuberante e um homem parco: era o amor que acontecia sem aviso prévio num destes recintos obscuros e miseráveis.


2 comentários:

Unknown disse...

Diria que humor indelicado é um eufemismo quando menciona-se esse ser em particular...

Bob disse...

Quem ser?