terça-feira, 15 de abril de 2008

o dia em que a pequena ruiva sucumbiu

aqui jaz ana paula monte, uma mulher de atitudes complexas e vida fácil. desde sua mais inocente infância amava os animais e dedicava horas dos seus dias a acariciar tetas asquerosas de mamíferos domésticos, além de prender mariposas em latas de lixo durante a noite para assustar seus familiares na manhã, quando desavisadamente jogavam o primeiro papel higiênico usado do dia no tal recipiente.

ironicamente hoje, aos cinqüenta e cinco anos de idade, a pobre mulher veio a óbito em decorrência de uma zoonose adquirida de forma não comprovada. exames atestam que a procedência adveio de algum animal silvestre, dada sua inclinação por aventurar-se na natureza selvagem e interagir com a fauna e flora locais.

assim, com esta morte inesperada e sem honra, ná pô, como era conhecida em seu círculo íntimo, deixa para sua vasta prole nada mais que um trailer escassamente mobiliado, duas dúzias de gatos sem pêlos, seis periquitos, oito libélulas, um morcego, uma coleção de bonecas russas de camelô e duas fatias de queijo minas.

espero que em seu descanso etéreo encontre a paz que jamais encontrou em vida.

repouse com o sossego dos céus.

com amor, jugón.


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