segunda-feira, 19 de maio de 2008

devaneios mamilares noturnos

sonho do terceiromamilo no fim de semana:

dois homens vestidos de gnomos natalinos estão de frente um para o outro. encontram-se num enorme salão, com pilastras e pessoas ao longe. estão na parte mais escura do recinto. um deles tem uma arma apontada para o outro. a vítima é um amigo meu, tem mais ou menos um metro e oitenta e cinco centímetros de altura e está encostado num pilar. o agressor é um homem em forma de ovo, tem uns setenta centímetros de altura, seu rosto fica na parte mais pontuda do ovo, tem o cabelo castanho que mais parece uma peruca que veio grudada no chapéu. é uma figura bastante pitoresca, num formato não-humano, ameaçando meu amigo sem razão aparente.

surjo com uma arma e a aponto para o duende-oval. só o vejo de costas, pelo ângulo em que meu eu-onírico está posicionado. digo: "largue essa arma agora senão estouro seus miolos!". ele nem se mexe. me aproximo mais um pouco, mas não muito, pois sei que em filmes policiais não se pode chegar tão perto do meliante, para que este não faça o bruce lee e roube sua arma. falei mais uma vez para que largasse a arma. ele finalmente o fez e eu peguei a dita. não fiz mais nada em relação à criatura em questão, pois ficara evidente que o pequeno oviforme era apenas um ser esquisito e inofensivo sem seu revólver.

corta a cena.

eu apareço na parte clara do salão, onde estão as pessoas. tem uma mesa com comida, parece uma festa ou uma ceia. eu converso com pessoas: "pois é, um gnomo em forma de ovo estava tentando matar o guilherme, que também estava vestido de gnomo, porém, este último tem um metro e oitenta e cinco centímetros de altura e estava apenas trabalhando no natal pra descolar alguns trocados". todos riem.

fim do delírio onírico natalino.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

sentimental - carlos drummond de andrade

ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
no prato, a sopa esfria, cheia de escamas,
e debruçados na mesa todos contemplam
este romântico trabalho.

desgraçadamente falta uma letra;
uma letra somente
para acabar teu nome!

- está sonhando? olha que a sopa esfria!
eu estava sonhando...
e há em todas as consciências um cartaz amarelo:
“neste país é proibido sonhar”.

terça-feira, 13 de maio de 2008

lamúrias de outono

queria dizer alguma coisa, mas ninguém ouve. noto que a calosidade em minhas cordas vocais tornou-se demasiado severa e minha voz abandonou-me. passo horas movimentando tolamente os lábios e gesticulando. as pessoas olham-me intrigadas, mas nem um único grunhido é emitido.

por ora gostaria de ouvir palavras ternas e macias, mas a cera acumulou-se por tantos anos em meus ouvidos que entupiu meu aparelho auditivo. pessoas conversam e movimentam-se passionalmente e as observo com afinco, mas não ouço nada.

queria ver o que reside por trás das linhas imaginárias geográficas, mas não enxergo um palmo à minha frente. um pesco-tapa jocoso transformou-se em grave acidente, atingindo meus nervos ópticos e causando cegueira irreversível. o mundo tornou-se negro e tátil. busco pela luz, mas a escuridão engoliu tudo à minha volta.

seria gratificante ter uma idéia inteligente ou pensamentos bonitos, mas meus neurônios não fazem mais sinapses. tento executar atividades mentais diversas, mas meu cérebro morreu. em lapsos de lembranças de uma vida pré-acéfala, penso em como era simpático o meu inglês, porém agora resta-me apenas um português desdentado e analfabeto.

minha piscina está cheia de ratos e as idéias não correspondem aos fatos. cega, surda, muda e burra, sobrou-me nada mais que devaneios e dois sentidos pouco apurados. para completar, encontro-me gripada, comprometendo ainda mais minhas faculdades orgânicas parcas e débeis.

vagueio por este vasto mundo de deus tentando evitar a tetraplegia e a barriga d'água, para que não perca a capacidade de locomoção e não fique com o abdome protuberante, compondo um pacote verdadeiramente campeão.

pas. tudo oque eu pesso é pas.


quinta-feira, 8 de maio de 2008

neovadiol, o novo produto anti-idade da vichy


neovadiol é o polêmico anti-rugas veementemente desaprovado pelo sexocristão.com por fazer apologia clara à prática da fornicação. porém, o oterceiromamilo, em seu exercício de tolerância às diferenças e assimetrias da vida, considera o cuidado com sulcos dérmicos uma atividade edificante para os que intencionam envelhecer com dignidade.

ao que tudo indica, neovadiol seria mais que um creme de embelezamento. dizem alguns anônimos revoltados que o dito produto estaria envolvido num movimento contra os bons costumes e a moral, numa espécie de tentativa de deixar vadias aposentadas e velhas de guerra com a cútis lisa, tornando-as mais propensas a atitudes libertinas na 'melhor idade'.

“neovadiol: para você que se cansou de ser uma vadia ultrapassada. mande suas rugas às favas e seja uma vadia contemporânea você também.”