quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

o amor nos tempos de cólica

uma mulher cor de bronze adentra uma pocilga mal freqüentada em notório bairro da zona sul carioca. é proprietária dos seios mais naturalmente fartos e protuberantes desde a idade média. começa a dançar sob a influência de uma canção juvenil e tensa, enquanto suas tetas descomunais balançam ao léu. os olhares estão fixados nela, que entre um remelexo e outro leva as mãos às costas, com uma suave expressão de dor, demonstrando que seu fardo é realmente díficil de sustentar. seu dote é de fato espantoso, até os mais descolados miram estupefatos.

numa das mesas, um rapaz de humor indelicado afina seu tom de voz para fazer graça na mesa: “ai, que chão gelado!” ou “o que foi esse vento em meus mamilos? passou um avião?” e ainda “ai, esses japoneses são uns safadinhos...”. todos riem, menos um moço moreno, mirrado, baixinho e portador de um boné com uma logomarca de alguma empresa infame de pequena monta. estava embevecido com a fartura de carne naquele corpo; eis que o pequeno apaixonara-se irremediavelmente.

uma mulher exuberante e um homem parco: era o amor que acontecia sem aviso prévio num destes recintos obscuros e miseráveis.


sábado, 16 de fevereiro de 2008

continuação

idealizado pelos quatro tolos previamente citados

para investigar os crimes, fora contratada uma jovem detetive, que trabalhava como faxineira na empresa televisiva mais bem-sucedida do país, na tentativa de obter melhorias na arrecadação de informações acerca da foragida endemoniada. mas a dita agente de investigação padecia do grave mal da fofoca, perdendo o fio da meada de suas especulações profissionais pelo gozo estúpido do mexerico sem próposito.

enquanto isso, a descontrolada entrevistadora-pelicano continuava a traçar o caminho da destruição do entretenimento sem qualidade, avançando para os atentados contra os apresentadores de programas dominicais. fausto, um famigerado senhor de meia-idade com problemas de sobrepeso e sub-carisma fora sujeitado a sessões de tortura onde, impossibilidado de dormir, era obrigado a assistir ininterruptamente ao seu programa e aos dos concorrentes. em menos de 24 horas foi a óbito por falência generalizada do sistema nervoso.

todas as mortes executadas pela jornalista eram acompanhadas por um pavoroso grito que imitava o som de aves selvagens, uma espécie de: “AAAAAHHH! AAAAAHHH!”. depois balançava os braços como se fosse uma criatura alada e após completar a carnificina, alimentava-se de frutos do mar crus. definitivamente, era uma mulher de hábitos peculiares.

(mais um trecho sem sentido e talvez sem prosseguimento)

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

quando a demência se apossa dos cérebros...

idealizado por alexandre maricato, ana monte, juliana gontijo e marina moreira

marília gabriela emerge das águas do oceano pacífico em uma praia deserta da costa peruana, nua em pêlos, coberta pelo nauseabundo óleo de fígado de leão-marinho e trajando em sua cabeça uma horripilante carcaça de pelicano. fugira a nado de uma penitenciária insular, onde estava condenada à prisão perpétua por assassinatos hediondos em série.

suas vítimas consistiam em jovens atores pouco talentosos e de aparência aprazível. usurpara a sangue frio a existência de quase todo o elenco de 'malhação' e dos participantes da 'casa dos artistas'. seu último alvo havia sido ricardo macchi, a quem obrigara a recitar uma tese de mestrado teológica sobre a identidade cristã na contemporaneidade, com as mãos e pernas atadas numa cadeira velha e vestindo um figurino de cigano do leste europeu, momentos antes de matá-lo a pancadas com seu pontiagudo microfone de entrevistas.


(história a ser continuada ou apenas um trecho sem sentido)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

minuto de sabedoria

"(...) eis um dos grandes segredos da vida. nos nossos dias, a maioria dos homens morre de uma espécie de senso comum rasteiro; e descobre, quando já é demasiado tarde, que as únicas coisas de que nunca nos arrependemos são das nossas tolices." oscar wilde


ah, o carnaval...

todo carnaval tem seu fim.

mas em nossos corações ficam os perdigotos da perdição, as águas da sarjeta repletas de leptospirose, a pneumonia, os amores fugidios e a nostalgia de uma alegria específica que não nos é concedida em outras épocas do ano.

e o confete continua caindo, grudando nos cílios postiços. e a serpentina continua sendo mal arremessada, atingindo a cabeça de algum desavisado no meio do bloco. e as pessoas seguindo em marcha coletiva rumo a lugar nenhum, apenas pulando e balbuciando palavras aleatórias no lugar das letras das marchinhas.

nem tudo na vida tem fim.